18 de junho de 2012
TDAH x Medicamentos
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
Muita gente ainda tem resistência contra o uso de medicamentos no tratamento do TDAH. Mas os médicos afirmam que os remédios disponíveis atualmente no mercado são seguros e eficientes.
Várias campanhas para divulgar informações sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) tem sido realizadas, grandes laboratórios vêm lançando novos medicamentos para o tratamento da doença, médicos e profissionais de saúde estão empenhados em fazer com que cada vez mais pessoas que sofram do transtorno sejam diagnosticadas. Ainda assim, a desinformação e o preconceito em relação a doença são grandes. Um dos pontos mais polêmicos e que sempre gera dúvidas, tanto para os pacientes quanto para cônjuges, parentes e demais pessoas que precisam conviver com eles, é o uso de medicamentos.
O uso de medicamentos para tratar doenças e transtornos psiquiátricos de maneira geral sempre foi motivo de receio, e não poderia ser diferente em relação ao TDAH. Muitas pessoas ficam em dúvida sobre a eficácia dos medicamentos, os efeitos colaterais e os riscos que o uso contínuo poderia acarretar. O psiquiatra Luís Augusto Rohde, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destaca que há alguns mitos bastante comuns envolvendo o tratamento farmacológico do TDAH mas que, no entanto, existem diversos estudos realizados em importantes centros mundiais que atestam não só a eficácia, como também a segurança das principais drogas utilizadas atualmente.
Um grande estudo realizado em centros universitários nos Estados Unidos e no Canadá (denominado MTA - Multimodal Treatment Assessment) chegou a resultados que mostram as vantagens alcançadas pela correta utilização dos remédios existentes. No total, estiveram envolvidos na empreitada cinco centros de estudo norte-americanos e um canadense, que analisaram nada menos que 579 crianças que sofriam de TDAH. O objetivo era verificar até que ponto a prescrição de medicamentos é eficiente e comparar os resultados com psicoterapia.
Para a pesquisa, os pacientes foram separados em quatro grupos. O primeiro foi tratado apenas com medicamentos. As crianças e adolescentes recebiam os remédios e durante primeiras semanas passavam por consultas semanais de acompanhamento. Posteriormente essas consultas eram mensais. Nenhum tipo de psicoterapia foi utilizada. Já com o segundo grupo, o tratamento foi justamente baseado em psicoterapia cognitiva-comportamental, que consistia em acompanhar de maneira intensiva os pacientes com técnicas específicas. Foi dada atenção especial à orientação dos pais - um ponto fundamental para auxiliar o tratamento de crianças que sofrem de TDAH - e a intervenções escolares, com orientação e esclarecimento também para os professores. Neste caso, não foi utilizado qualquer tipo de remédio.
O terceiro grupo contou com o que os médicos e pesquisadores chamaram de tratamento combinado. As crianças passavam pela mesma terapia comportamental-cognitiva que foi prescrita para o grupo dois e também receberam medicamentos. Essas duas partes do tratamento foram realizadas de maneira coordenada e acompanhada minuciosamente pelos médicos por meio de avaliações periódicas.
Finalmente, ao último grupo foi destinado um tratamento que recebeu o nome de "tratamento comunitário". As crianças eram encaminhas a centros de pediatria tradicionais (comuns, não especializados) e os médicos que as tratavam recebiam a orientação de adotar o tratamento que normalmente empregariam se recebessem nos consultório uma crianças com os sintomas do TDAH. Os pacientes deste grupo receberam basicamente tratamento medicamentoso, administrado pelo pediatra ou pelo médico da família, e não pôr psiquiatras especializados no tratamento do transtorno.
Resultados comprovam o dia-a-dia dos consultórios:
Os resultados comprovaram o que os psiquiatras e especialistas no assunto já haviam comprovado no dia-a-dia dos consultórios: os grupos que apresentaram maior grau de melhora e um controle maior dos sintomas foram aqueles que receberam medicamentos (1 e 3). Segundo os médicos, no entanto, a constatação mais importante foi outra. Na comparação entre o grupo 1 (que recebeu apenas terapia medicamentosa) e o grupo 2 (que recebeu somente terapia comportamental), os resultados apresentados pelas crianças tratadas apenas com medicamentos foram bastante superiores aos daqueles que tiveram o acompanhamento comportamental.
- Esse estudo mostra que o uso de medicação é importante no tratamento do transtorno do déficit de atenção. O grupo medicamentoso e o grupo combinado apresentaram resultados superiores ao grupo psicoterapia isolada, o que prova que o uso de drogas é importante e eficiente'', conclui Luís Rohde.
Dos quatro grupos analisados pela pesquisa, o que apresentou resultados mais discretos foi aquele em que as crianças receberam o chamada "tratamento comunitário", sem a orientação de médicos especializados no tratamento do TDAH.
Não basta só usar a medicação. É preciso que seja usada por profissionais que conheçam e saibam tratar o transtorno.
Foi provado por este estudo que os profissionais que não eram especializados no transtorno e ofereciam um tratamento considerado não ideal e não obtinham bons resultados no tratamento - analisa o psiquiatra gaúcho, completando que, mesmo a medicação correta, se usada sem o conhecimento aprofundado, traz resultados significativamente piores.
Quem convive com portadores de TDAH já descobriu há tempo, na prática, os dados constatados na pesquisa. A maioria das famílias passa bastante tempo peregrinando por diversos consultórios médicos, de diversas especialidades, até encontrar um psiquiatra especializado no tratamento do transtorno. E mesmo os mais céticos acabam cedendo e concordando que as melhoras trazidas pelos medicamentos em associação terapias adequadamente indicadas apresentam resultados mais que satisfatórios.
Fonte: http://www.abda.net.br/
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