16 de novembro de 2012

A nimesulida em foco: Uso de anti-inflamatório não hormonais (AINH)



O uso indiscriminado de anti-inflamatórios sempre provocou discussões nas áreas regulatórias de vários países e desde 2007 a nimesulida tem ganhado destaque. Inicialmente o foco estava no uso dentro da faixa etária pediátrica. Em países da Europa a indicação dos AINH (anti-inflamatórios não hormonais) na faixa etária pediátrica é bastante restrita, pois com exceção do Ibuprofeno, existem poucos estudos do seu uso em crianças com menos de 12 anos e mesmo adolescentes. Alguns países já proibiram o uso da nimesulida e saber dos riscos sempre traz benefícios para as farmácias e drogarias e para seus clientes.

Recentemente no Brasil, a Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) excluiu a nimesulida 50 mg/mL solução oral e incluiu ibuprofeno 50 mg/mL na Relação de Medicamentos Essenciais para a rede básica.

O governo irlandês retirou das farmácias e proibiu a venda de remédios com nimesulida, depois que constatou pelo menos três mortes provocadas pela substância. Outros países que a venda de nimesulida não é permitida são os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália, a Espanha e a Finlândia. Em Portugal os problemas com a nimesulida inicialmente foram relacionados a qualidade de algumas marcas.

Em 2007, a State Food and Drug Administration emitiu comunicado e decidiu tomar novas medidas para reforçar as restrições nas formulações orais de gestão do uso da nimesulida. Entre as medidas temos a proibição até os 12 anos de idade, a indicação apenas como uma segunda linha de anti-inflamatório analgésico, com indicação limitada à artrite crônica (por exemplo, osteoartrite), cirurgia, dor pós-traumática e dor aguda e tratamento sintomático da dismenorreia primária. A dose não pode ser superior a 100 mg e o tratamento deve ser inferior a 15 dias. Seu uso deve ter base na situação real de uso clínico da menor dose eficaz para reduzir a incidência de reações adversas a medicamentos.

A nimesulida tem como reações adversas mais comuns as gastrintestinais, como náuseas, vómitos, dor abdominal e tem sido monitoradas por associações às reações alérgicas, a disfunção da coagulação, leucopenia, problemas no fígado, danos nos rins e outros problemas de segurança. Uma das maiores preocupações das autoridades internacionais são relativas ao dano hepático.

Por iniciativa do Infarmed (Portugal), a venda na União Europeia está proibida para uso em crianças, apesar de não ter ficado provado que a substância fosse responsável por danos em seus fígados.

O uso de quaisquer anti-inflamatórios não esteroidais em crianças de até 12 anos deve ser avaliado por conta da sua toxicidade e riscos terapêuticos: sangramentos gastrintestinais, alterações de coagulação, insuficiência renal, Síndrome de Reye (AAS como anti-inflamatório) e patologias de ordem alérgica. Os AINH devem ser prescritos para as crianças e os adolescentes, apenas quando apresentarem sintomas refratários ao uso de dipirona ou paracetamol, ou caso se trate de doenças reumatológicas crônicas como artrite juvenil e febre reumática.

Em entrevista ao Conselho Federal de Farmácia, o farmacêutico Carlos Alberto Balbino informa que a venda de anti-inflamatórios aumentou depois da restrição da venda dos antibióticos. Oficialmente os números que constatariam esse comportamento ainda não foram divulgados. Apesar disto, a imprensa tem noticiado por meio de enquetes feitas junto às farmácias e drogarias que isso está ocorrendo. A primeira reportagem, nesse sentido, foi veiculada, em dezembro de 2010, no interior de São Paulo. A primeira de 2011 pela Rede Record, em janeiro, no programa "Hoje em dia". O texto desenvolvido pelo jornalista Thiago Lemos pode ser lido no site www.R7.com, da emissora.

Na mesma entrevista o Dr. Carlos informa que em 2010 foram gastos pela população R$ 1,5 bilhão na compra desse tipo de medicamento, e isso, sem considerar as demais indicações recebidas pelos AINEs.

O importante para as farmácias e drogarias é investir na orientação ao cliente, pois a autoprescrição é muito comum e a automedicação responsável é pouco praticada.

Os nomes parecidos podem sugerir significados similares, mas na prática são muito diferentes.

Existe uma recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que a automedicação responsável é benéfica, pois estimula a orientação do cliente por meio do farmacêutico e não sobrecarrega o Sistema de Saúde com problemas simples, como prisão de ventre, cólicas e outros. A automedicação responsável é feita com medicamentos isentos de prescrição.

Já a autoprescrição é o uso por conta própria de medicamentos com tarja vermelha ou preta e é uma prática extremamente perigosa.

As reações adversas dos anti-inflamatórios podem ser minimizadas por meio do uso correto, em que a dosagem e o tempo de tratamento devem ser observados. O trabalho de orientação deve ser feito nas farmácias e drogarias pelo farmacêutico. O foco já foi os antibióticos e agora pode ser os anti-inflamatórios.

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